QUERO MERGULHAR NAS PROFUNDEZAS ( III )
III. E descobrir suas
riquezas em meu coração
Ao mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus no contínuo “eu
quero!” que mantém nossa vontade escrava da Dele, mergulhamos no próprio mistério
da inabitação de Deus (Deus habita em mim!) e da correspondência à graça
santificante. São novamente quatro movimentos essenciais da alma que ora:
2. o mergulho nas profundezas do Espírito
de Amor ;
Santa Teresa nos fala freqüentemente da ida ao poço, do esforço
para pegar água (quando ela é encontrada!) e regar nosso pobre jardim. É o “eu
quero”. Fala-nos também do Jardineiro que demonstra o Seu amor por mim ao se
revelar neste jardim e providenciar com sua presença nosso mergulho nas águas
vivas do seu Ser. É o longo,rico e profundo mergulho no Espírito. Fala-nos,
adiante, como a alma passa a viver como que fora de si e como constata nascerem
nela as virtudes que expressam a caridade fraterna. São as riquezas que
transbordam do único bem.
É doce, muito doce, a presença do Amado. Porém, nossas mãos devem estar feridas, como as Dele, para recebê-lo, para percebê-lo. Não recebe o Senhor quem tem as mãos molhadas de mirra que lhe escorrem pelos dedos (Cant 5,5). Não encontram o Senhor mãos cheias de fantasias de oração a lhe escorrerem pelos dedos como líquido ralo que nada sustém. São mãos feridas pela renúncia contínua aquelas que encontram as Mãos feridas pela Renúncia Suprema. A riqueza do Espírito que a alma encontra e reconhece em si mesma é a riqueza da renúncia. É, em outras palavras, a pobreza de quem ama sendo o terceiro. Isto é importante: as riquezas do Espírito são as riquezas do amor e a única e verdadeira riqueza do amor é a renúncia de si para a posse do Amado.
É doce, muito doce, a presença do Amado. Porém, nossas mãos devem estar feridas, como as Dele, para recebê-lo, para percebê-lo. Não recebe o Senhor quem tem as mãos molhadas de mirra que lhe escorrem pelos dedos (Cant 5,5). Não encontram o Senhor mãos cheias de fantasias de oração a lhe escorrerem pelos dedos como líquido ralo que nada sustém. São mãos feridas pela renúncia contínua aquelas que encontram as Mãos feridas pela Renúncia Suprema. A riqueza do Espírito que a alma encontra e reconhece em si mesma é a riqueza da renúncia. É, em outras palavras, a pobreza de quem ama sendo o terceiro. Isto é importante: as riquezas do Espírito são as riquezas do amor e a única e verdadeira riqueza do amor é a renúncia de si para a posse do Amado.
Bendita renúncia implícita no amor! Bendita renúncia que nos fere
as mãos, que nos deixa a “pele morena” por que temos acampado não em nosso
próprio conforto, mas como nômades nas tendas de Cedar. Bendita renúncia que
nos leva a “não guardar” nossa “própria vinha”, mas a nos sujeitarmos às
queimaduras do sol para guardarmos vinhas de irmãos que “se irritaram contra” nós
(cf Cant 1,5-6).
No Batismo, recebemos a graça santificante e participamos da
natureza de Deus. “Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus e descobrir
Suas riquezas em nosso coração” é nos deixarmos contaminar mais e mais por esta
graça que leva à santidade pelo amor concreto aos irmãos. Orar nas profundezas
do Espírito de Deus é encher-se do Amor da Trindade para viver Nele e Dele de
maneira concreta, cheia da alegria da renúncia. Oro para amar! Oro para amar!
Oro para amar!
Se eu não quero amar, para que oro? Se continuo a orar todos os
dias mas não cresço no amor a Deus e ao meu irmão, a quem oro? Em quais
“profundezas” mergulho? De quem são as “riquezas” que descubro?
Sim! Oro por amor e porque quero amar! Oro para amar, para nada
mais! A grande e única ação da graça santificante em uma alma é levá-la a amar.
Mergulhar nas profundezas do Espírito e descobrir as Suas riquezas em meu
coração é, essencialmente, descobrir esta verdade que tem norteado a vida de
santos de todos os séculos.
Ao mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus tomo consciência
da minha participação na natureza do próprio Deus. Assim, participarei da
natureza divina com a medida que Sua Misericórdia me deu participar à medida em
que, pela oração, minha vontade vai dizendo sim à Sua vontade e “a vontade do
Pai é esta: que vos ameis uns aos outros”; “O que vos mando é que vos ameis uns
aos outros” (Jo 15, 17).
S. Tomás de Aquino afirma sobre a natureza de Deus: “Deus é amor
em Ato” (Suma Teol.). No mergulho da oração profunda, na consciência de
participar de Sua natureza não com um pequeno pedacinho que me permite minha
acomodação, mas na plenitude do quinhão que Ele me reservou, descubro que
participar da natureza do Amor não pode ser outra coisa senão amar, amar, amar.
Deus, a plenitude de todo o bem, é o próprio amor em ato. Eu , em minha miséria,
posso apenas praticar atos de amor. Deus, plenitude do Amor, fez, em Jesus, a
plenitude da Renúncia. Eu, nada que sou, posso apenas fazer, por amor a Jesus,
atos contínuos de renúncia que me assemelhem mais Àquele cuja natureza me foi
comunicada por pura misericórdia.
Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus é mergulhar no Amor,
que é a própria natureza de Deus.
Descobrir as riquezas do Espírito em meu
coração é viver em plenitude a graça santificante e a participação da natureza
divina pela renúncia de amor.
Fique na paz!
sua irmã,
Maria Daisy
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