OS 7 PECADOS CAPITAIS ( parte3)
3. Luxúria: fazer-se
escravo dos prazeres sexuais. A vida passa a girar em torno do sexo. Ver uma
mulher/homem formosa(o) já faz pensar em sexo, levando a prolongados e
consentidos exercícios de imaginação impuros, o que, por sua vez, pode
descambar na masturbação, fornicação ou adultério: todos frutos da luxúria. O
adultério, em pensamento ou em ato, é uma consequência inevitável da luxúria,
pois quem se torna escravo das obsessões sexuais nunca está satisfeito com uma
única parceira ou parceiro, nem consegue se adaptar a monogamia desejada por
Deus. Veja em 2Pedro 2,13; Levítico 18, 20.22; Êxodo 20,17; Mateus 5,27;
1Coríntios 6,15 e Gênesis 38,9-10.
A luxúria
representa o desejo desordenado pelos prazeres sexuais. Pode ser definida como
uma impulsividade desenfreada, um prazer pelo excesso, tendo também conotações
sexuais. Opõe-se à propagação da espécie, sendo consumado apenas para
satisfazer as próprias necessidades.
Segundo São
Tomás de Aquino, a luxúria refere-se aos prazeres sensuais, onde ele lembra que
tanto a comida quanto a relação sexual têm como finalidade a conservação da
vida e, desde que utilizadas para esse fim, não são consideradas pecado. Na
cultura cristã o sexo sempre esteve associado ao pecado, a algo sujo e mau, mas
aceito em nome da procriação ou do amor, apesar de que em nossos dias o sexo
ainda provoque muita culpa, em especial nas mulheres.
Porém, na
época das cavernas, e por muito tempo depois, o que ligava homens e mulheres
era o desejo físico, indiscriminado e passageiro, como se observa hoje nos
animais, e infelizmente, em alguns homens. A associação estabelecida entre amor
e sexo vem da necessidade cultural de "purificar" o sexo. Criou-se
então o amor romântico, aquele sentimento nobre e elevado que uniria um homem e
uma mulher.
A origem
desse pecado capital pode ser intensificado e reforçado na infância, quando
pais reprimem as crianças de todo e qualquer impulso sexual. Esses pais geram
através da repressão muita culpa e criam assim adultos reprimidos sexualmente
ou liberados em excesso.
Do ponto de
vista psíquico a grande diferença que a mulher estabelece entre sexo, amor e
intimidade e, a pouca importância que os homens tendem a dar aos dois últimos,
é fonte de muitos conflitos nos relacionamentos.
Uma das
causas da busca incessante por sexo, aparência e estética, tem origem na
própria sociedade, na mídia, que vende a ideia que feliz é quem tem a beleza
semelhante a da modelo da capa da revista.
Esse culto
pelo belo, pela estética e o prazer geram muita angústia e insatisfação, quase
sempre refletida na preocupação excessiva com o próprio físico, principalmente
para quem está longe dos moldes ditados.
Na
publicidade a imagem de um homem bem-sucedido é sempre associada à fama, poder,
dinheiro e belas mulheres. Isso mesmo, no plural. O homem desde pequeno é
incentivado a ir à caça, a não se "prender" apenas a uma mulher, mas
a ter muitas, como se isso demonstrasse seu poder e sua capacidade sexual. Nas
rodas de amigos faz questão de contar suas peripécias sexuais, onde ninguém tem
certeza do limite entre a realidade e a fantasia.
O sexo
descompromissado e causal é muito mais procurado pelos homens, isso não quer
dizer que muitas mulheres também não o procurem. Mas os homens em geral, não só
separam muito bem o sexo do amor, como até fogem do amor, da intimidade e do
compromisso. A razão destes comportamentos pode favorecer a compulsão pelo
sexo, explicada em muitos casos pelo medo que os homens têm do envolvimento e
da intimidade que esse amor acarreta e que vem literalmente do berço. Ou seja,
da relação que mantiveram com suas mães e da forma mais ou menos traumática
pela qual foram obrigados a se separar delas.
É evidente,
que todo esse comportamento denota uma necessidade de defesa e proteção que
oculta seu desejo maior: ser cuidado e acima de tudo amado. Porém, o medo da
rejeição muitas vezes o impede de assumir tal necessidade. A pessoa foge da
intimidade e se defende na busca pelo sexo excessivo, que se torna sua única
fonte de prazer.
Mas se a
vontade obedece apenas ao prazer, a pessoa começa a buscar apenas o que lhe dá
satisfação, poderá ocorrer sérios conflitos internos, pois quanto maior o apego
ao material, ao físico, ao externo; menor será a busca pelos valores
espirituais. Assim se afasta cada vez mais dos valores internos. Na verdade, a
luxúria desvirtua a sensualidade e deforma o amor, tornando o apetite sexual
insaciável.
Luxúria no
trabalho
Nas
empresas este pecado pode ser identificado pelo assédio sexual: em nome da
posição hierárquica "desfruto do poder de dominar" Aparece com isso a
grande dificuldade de relacionamento entre homens e mulheres nos ambientes
organizacionais, reforçando heranças culturais arraigadas bem como dificuldades
emocionais de expressar a afetividade de forma saudável. No trabalho, a luxúria
ainda pode ser percebida pela vontade de ter tudo para si, evidenciando um
líder que não democratiza a maior riqueza de uma empresa e de seus
colaboradores: o conhecimento.
Ou seja, o
líder faz de tudo para deter o conhecimento e as informações da empresa e do
mercado por medo de perder o controle da situação, medo de ver algum membro de
sua equipe com capacidade e competência maior do que a sua. É típico, por
exemplo, no líder que recebe os informativos e não repassa para a equipe ou que
faz assinaturas de revistas para o departamento, mas somente ele as lê.
Normalmente
este tipo de líder não apura e não tem capacidade e competência técnica,
preocupando-se somente em fazer com que outros membros não tenham acesso ao
conhecimento o que, na sua cabeça, colocaria em risco a sua posição. Com isso,
a equipe nota rapidamente este comportamento detentor do líder o que faz com
que ele perca rapidamente a confiança da equipe. Nos fracassos, a equipe tende
a culpar o líder por não fornecer as informações e conhecimentos importantes e
necessários.
Luxúria e
insegurança
A luxúria
demonstra uma grande insegurança e sobrepõe-se de tal modo que transforma a
natural necessidade de amar e ser amado, em uma necessidade compulsiva e
patológica de satisfação, geralmente uma busca pela satisfação imediata.
Podemos
encontrar muitas pessoas com "máscaras de bonzinho" para seduzir,
conquistar, simplesmente para conseguir o que querem e, depois de satisfeitos,
vão embora. Vivem em função da aparência, o que mostra uma pessoa que não
consegue gostar de si como é, buscando compensar sua falta de confiança,
supervalorizando o belo, o corpo, tanto no outro como em si.
O
autoconhecimento e em consequência o crescimento emocional podem levar a um
grau de auto-aceitação e autoestima capazes de restabelecer a capacidade de
amar aos outros, e principalmente, a si mesmo.
4.
Ira: indispor-se, inflamar-se
raivosamente, ofender ou brigar, mesmo sem motivo. Guardar mágoa ou rancor de
alguém; praticar o pecado da ira é não perdoar as setenta vezes sete que Jesus
manda. Veja Mateus 5,22; 23,27.
Segundo o dicionário Aurélio, ira
é cólera, raiva, indignação, desejo de vingança. É preciso distinguir entre a
ira ou cólera; e raiva ou ódio. O ódio e a raiva, de certa forma, são a ira
reprimida. São emoções totalmente destrutivas tanto para os que as sentem como
para quem se torna objeto delas. A ira é um impulso momentâneo, que provoca
também os maus pensamentos, fazendo com que muitas vezes façamos acusações
injustas, provocando muitas brigas e conflitos nas relações.
Pessoas que se comportam de
maneira feroz, animal, destrutiva, agressivas, demonstram imaturidade. Se a ira
causa um desejo descontrolado de vingança, está diretamente associada a
desonra, brigas, indignação, a agressividade exagerada, a qual desencadeia
hostilidade e destruição. É um estado de descontrole, que chega a modificar o
semblante, a expressão facial.
O homem conseguiu controlar sua
agressividade através da razão, ou seja, utiliza a racionalização como um
mecanismo de defesa, mas quando tomado por uma forte emoção nem sempre esses
mecanismos atuam. A agressividade gerada pela ira demonstra a incapacidade de
racionalizar quando se deixa dominar pela emoção, sobrepondo muitas vezes,
conteúdos inconscientes, como por exemplo, pode indicar uma incapacidade
exagerada de amar aos outros, muitas vezes como resultado do amor que não
recebeu na infância ou da agressividade que recebeu, repetindo assim o mesmo padrão.
Nesses casos é preciso identificar a emoção que foi mobilizada e que não
permitiu a atuação do mecanismo de defesa.
A ira no trabalho
No campo profissional a ira é o
maior exemplo de sentimentos expostos, por exemplo, pelos líderes sem
equilíbrio emocional ou autoconhecimento. Basicamente a atitude mental que está
por trás da ira é o desejo de destruir. É aquele líder que apela para técnicas
pouco eficazes como mexer com o lado emocional. É do tipo que, quando você vai
pedir seu aumento salarial, ele diz que você é um ingrato e que você não
imagina como foi difícil convencer a diretoria a lhe dar o último aumento. Ou
quando ele não concorda com algo que você fez, ameaça o seu emprego, às vezes
com frases sutis como: "O mercado de trabalho está difícil, não?". Ou
ainda, quando você debate empolgado com ele sobre sua brilhante carreira, ele
diz algo como, "Você tem ainda muito que aprender..." Ou seja, sempre
te colocando para baixo, desvalorizando, com autoritarismo, desrespeito, provocando
com o tempo e com as somas destes comentários, muita ira.
Por baixo de toda ira quase
sempre detectamos o medo de errar, de expressar-se de outra maneira, de perder
espaço, etc. Ao invés de terem consciência da origem de tais sentimentos,
preferem atacar para defender-se de seus próprios fantasmas. O resultado disso
é fazer com que a equipe não discuta os problemas com o líder, pois sabe que
ele irá utilizar algum artifício emocional, desencadeando assim aspectos
emocionais e conflitos.
Como lidar com a ira
O que fazer quando somos tomados
pela emoção e perdemos o controle? Com certeza não é sair xingando ou berrando
com o primeiro que aparecer pela sua frente, isso só vai piorar as coisas e
trazer mais confusão.
O mais indicado é extravasar sim,
porém de maneira adequada, seja surrando uma almofada ou um colchão, fechando
os vidros do carro ou se trancando em seu quarto e gritar. Pode também escrever
tudo que estiver sentindo e depois poderá guardar e ler após um mês.
Outra técnica é a visualização:
imagine a pessoa que provocou tal sentimento em você e fale tudo que estiver
sentindo. Qualquer coisa que libere seus sentimentos, ainda que só em seus
pensamentos, te trará um grande alívio, pois para o inconsciente não há
diferença entre o pensamento e a realidade. É possível assim, descarregar toda
energia reprimida causada pela ira ou raiva de modo a não ofender ou machucar
alguém.
Depois, mais calmo, é possível
analisar a situação e refletir o que tocou tão profundamente dentro de você, o
que tocou em sua emoção. Isso não quer dizer que seja saudável nos sentirmos
irados a todo momento, considerando tudo como ofensa pessoal, mas havendo o
sentimento, também não é benéfico reprimir sua manifestação, desde que seja
feita como sugerida acima.
Mas o que dizer daquelas pessoas
que estão sempre extravasando sua ira e continuam constantemente iradas?
Geralmente, são pessoas que não
se confrontam com a fonte original do sentimento e saem agredindo a todos,
quando na verdade, ainda que inconscientemente, estejam agredindo a si próprias.
Através do autoconhecimento é
possível perceber que comportamentos desse tipo são manifestações de ódio por
si mesmo. Por mais que possam te fazer, não permita que alguém tenha controle
sobre seus sentimentos e consiga te deixar irado. Como em todos os outros
pecados o amor por si mesmo ainda é o melhor remédio.
(continua amanhã)
Fique na paz!
sua irmã,
Maria Daisy
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